Castas: Tenho ideia que tem lotes de castas típicas do Douro, que não só as mais populares.
Produtor: Jorge Moreira
Álcool: 13%
Enólogo: Jorge Moreira
Notas de Prova: Bom… por onde começar?
Pelo ano:
2002, apregoado como um ano mau, felizmente trouxe-me dos melhores vinhos Portugueses que já bebi (recordo-me do Pape e do Vale Meão, por exemplo…). Não me lembro do que fiz em 2002, se o verão foi bom ou mau, choveu muito ou pouco. Não faço ideia. Mas de facto teve alguns dos melhores vinhos que já bebi.
A rolha: em perfeito estado de conservação… tão bem desenhado o fundo púrpura, perfeitamente delineado quase como o baton dos lábios da Marilyn (pelo menos como os vía nos filmes).
A côr: normal para um bom vinho do Douro. Não parece ter 7 anos. Escuro, límpido, o vinho apresenta-se com uma densidade no copo e lágrima muito boa.
O Nariz e a Prova: bem…cheirar Poeira é como cheirar um bom perfume, daqueles que são tão bons, tão bons, que alguns até dizem que “cheira a pai”, porque já no tempo dos pais se usava. Ou seja, é bom e é identificável… o Poeira é assim. Quando lhe pomos o “nariz em cima”, sorrimos e pensamos “… pois é, é isto mesmo… isto cheira muito bem”. Não interessa se é frutos, madeira ou o que seja… cheira bem! O vinho insinua-se, não é óbvio, mas é muito bom.
Na boca, o vinho literalmente agarra-nos os sentidos. Não há papila gostativa desde a epiglote às papilas fungiformes que não se debruce sobre o que está a acontecer naqueles minutos. Tem fruta? Tem. Talvez um bocadinho de groselha… ou framboesa, não sei bem. Tem tanino? Tem, mas está tão bem integrado que não chateia nada. Tem corpo? Tem… e o que é que tem mais? Tem um final tão longo, tão longo, que até chateia ter de lavar os dentes depois porque ficamos sempre com a sensação que vamos ter de nos despedir de algo que gostamos. Só me lembro dum Madeira Boal que bebi que tinha mais final que este Poeira. À medida que o vinho vai respirando (esta garrafa abri e servi decantado no imediato) vai ganhando mais fruta. Mas o que me impressionou mesmo foi o “agarrar”. Literalmente de “garra”. O vinho prende. Não é o Poeira mais “fácil” que já bebi. Este ano bebi um de 03 e outro de 04, e um deles estava absolutamente estupendo. Este no entanto encantou-me de outra forma. É um vinho de muita classe. Se tivesse que levar este vinho para alguma mesa, como por vezes metaforizo, diria que não levava! Isto, se eu pudesse escolher, não é vinho que se leve… é vinho com que eu gostava sempre de andar.
Provador: Mr. Wolf
Classificação Pessoal: 18,5
Valor: 30€
Mas era de vinho que falavas, por minutos escapei da realidade e entrei no universo do sonho, da paixão, do regozijo da alma! Lindo…
O Poeira também tem disso. Já provou o de 2002 nos últimos tempos?